quinta-feira, junho 21, 2007

Ausente...

... de mim, de ti, de nós, do que fomos, do que somos, do que podiamos ser.
... do que foi, do passado, do futuro, do presente, do aqui, do agora.
... da vida, da morte, da quase vida, do ir vivendo, do morrer, do ir morrendo.
... dos sorrisos, das lágrimas, da felicidade, das angústias, dos desesperos.
... das dúvidas, das certezas, das quase certezas, das esperas, das decisões.
E o nada, como será?

segunda-feira, junho 04, 2007

Conjunto

As malas semi-feitas, os olhos postos num horizonte que também já não existe. A hesitação. Ainda, e sempre, a hesitação. Para trás, o sonho que um dia também foi meu. Meto as malas no carro. Lembro-me que me esqueci do vestido amarelo. Não volto atrás para o ir buscar. Os cães aproximam-se para se despedir. Se ficasse, agora, seria por eles. Por estes olhos tristes que não percebem. Sento-me no carro, fecho a porta, ligo o motor. O portão está à minha frente, à espera. E eu preciso de me encontrar, e por isso vou. Nem por estes olhos tristes poderei ficar, se ficasse agora toda esta luta ficaria por ganhar. Passo o portão e olho uma última vez pelo retrovisor. Penso nos dias passados, nas...
(E eu vou, vou contigo ou sozinho, mas vou... sempre)
...tardes cor-de-laranja, no barulho das folhas das àrvores, e os sorrisos. Levo-os todos na mala, junto do vestido amarelo...
Nunca poderei olhar nos olhos daqueles que me poderão fazer ficar, porque sei que à mínima hesitação, eu fico por isso não me deixo fracassar e sem mesmo olhar os que deixo, caminho. Mantendo os olhos no horizonte inexistente que desenho a cada segundo...
E eu... respiro profundamente, fecho os olhos por segundos e sei que irei na direcção certa, ao passar aquele portão. A verdade está no horizonte à minha frente.
E o horizonte tem a mesma cor dos olhos que vejo reflectida em ti, quando sorrias de felicidade por eu estar a entrar naquele portão...
E eu... Parto. Resoluta. Decidida. Sem me despedir de ti, sem me despedir do lugar, dos vizinhos, sem me despedir sequer dos cães de olhos tristes. Um dia vou pensar que fui feliz aqui e não mais regressarei a este lugar onde mais tarde julgarei que fui feliz. Quanto a ti, meu querido, recordarei sempre os teus olhos melancólicos, o olhar de cãozinho abandonado, o teu ar sorumbático, e se estiver escrito sei que me voltarei a encontrar contigo noutra volta do caminho.Parto, pois. De olhos postos no horizonte :)
Viajar é preciso. Para isso foram feitas as solas dos pés:Para percorrer vastas distâncias desconhecidas.E tendo-as percorrido, estes nossos bravos Revestimentos, calejados, podem entãoVoltar pra casa afinal apazigüados. E para viajar também foram feitos os olhos: Para vasculhar amplos horizontes alheios. Tendo-os minado, estes nossos duplosMirantes, deslumbrados, afinalRegressam prontos para o sono verdadeiro.Mas para isso, é preciso viajar.E é por isso também queHá que se lançar o coração bem longeFeito rede de pesca, guardando na mão cerradaApenas um punhado. Largar o resto À deriva. Ele talvez se arrebente,Ou talvez algo se emaranhe nele.Enfim. Para que volte quem sabeUm pouco mais sábio.Um coração viajante não é indeciso.Viajaré preciso. (poema de lavinia saad)
Nunca mais eu vou voltar Essa estrada é meu destinoVou seguir a minha vida Vou achar o meu lugarLouco pra viver em paz Eu procuro paraísosEm lugares esquecidos em viagens ao luarEu vi a cor Sonhos e sei de cor O que é melhor pra mimA vida me fez desse jeito O mundo é tão imperfeitoPouca gente tem o direito a ser felizO tempo passa de repente Felicidade urgentePara todos, para todos nósQuero te fazer feliz, Quero ser feliz tambémCom você tá tudo bem, tá tudo bemNão vou mais olhar prá trás No caminho do infinitoEncontrei uma razão e me perdi no teu olhar Eu sempre quis muito maisMais do que era preciso quis milagres absurdosE delírios de prazerLá, lá, lá :)
... volto, roubo-me ao vestido amarelo, findo o último fósforo na chama que os engole, retoco o lábio pacientemente, execro a fuga, sento-me sobre o velho divã, cinzas pulmão a dentro, amarelo celsius.
(obrigada a todos!)

terça-feira, maio 29, 2007

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As malas semi-feitas, os olhos postos num horizonte que também já não existe. A hesitação. Ainda, e sempre, a hesitação. Para trás, o sonho que um dia também foi meu. Meto as malas no carro. Lembro-me que me esqueci do vestido amarelo. Não volto atrás para o ir buscar. Os cães aproximam-se para se despedir. Se ficasse, agora, seria por eles. Por estes olhos tristes que não percebem. Sento-me no carro, fecho a porta, ligo o motor. O portão está à minha frente, à espera. E eu...

(continuem nos comentários, sempre a partir do último comentário)

segunda-feira, maio 28, 2007

Vai

Chegará, algum dia, o dia em que te direi "vai" sem que o faça apenas para mergulhar nesta angústia de não saber se voltarás?

segunda-feira, maio 21, 2007

CoR

És o amarelo da minha vida. Disseste-me.

E se este blog fosse amarelo?

sábado, maio 19, 2007

Fugir

Correr. Caminhar, sem parar. Não parar, andar, andar sempre, para a frente. Resistir, não parar, não olhar, não olhar para trás. Avançar, continuar, depressa, mais depressa. Não hesitar. Suportar, o cansaço, não parar. Depressa, mais depressa, sem parar. Correr, desbravar. Hesitar, espreitar, para trás. Descansar, um minuto, um segundo, um momento. E quando finalmente paro, ali estás tu, encostado, entediado, à espera. À minha frente.

segunda-feira, maio 14, 2007

E hoje...

Tenho uma tristeza nova que ainda não conheço bem.

sexta-feira, maio 11, 2007

Acredito. E vocês?

"It's better to burn out than to fade away"
Neil Young

segunda-feira, maio 07, 2007

Incoincidências

A seguir à Teresa e às suas sandálias amarelas iguais às tuas encontrei a Susana.
A Susana não saía de casa a meio da noite porque eu não acordava com as suas angústias, não partia os meus discos de vinil no meio das discussões nem me contava o fim de todos os filmes. Mas tinha o cabelo no mesmo tom de castanho claro que o teu, que prendia, como tu, com um gancho no cimo da cabeça. E era fácil de amar. E eu amei-a, até ao dia em que apareceu com o cabelo castanho claro tão curto que qualquer gancho perdia a sua utilidade. E eu tive que te procurar noutra qualquer.
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A seguir ao Miguel e ao seu desprezo pelos discos de vinil conheci o Pedro.
O Pedro acordava ao menor suspiro meu, não alimentava a minha vontade de discutir e perguntava-me sempre como acabava o filme que estávamos a ver.
Tinha os olhos escuros, num negro que contrastava de uma forma demasiado perfeita com os teus. E era fácil de amar. E eu amei-o até ao dia em que no olhar dele vi um brilho igual ao que tantas vezes vi no teu. E eu tive que te ir esquecer noutro qualquer.

sexta-feira, maio 04, 2007

Tarde

Um dia quero poder dizer-te que chegaste tarde.

Não quero futuros promissores, carregados de poesias silenciosas,
de imagens pré-fabricadas por mim, de sorrisos felizes.
Não quero a felicidade, os olhares que nunca trocámos,
o toque arrepiante na pele. Não quero.


Um dia quero poder dizer-te que chegaste tarde.
Por isso, não chegues a tempo de nós.

segunda-feira, abril 30, 2007

Quando...

... quando é que vou deixar de tentar ser algo que nunca serei para começar a ser aquilo que sempre fui?

Thinking Blogger Award

.



Pode não parecer possível, mas... fogem-me as palavras :)

Não sei se é possível "nomear" quem nos nomeou.
Vou assumir que não, mas penso que - sem querer desmerecer todos os outros - o primeiro lugar na minha lista de links é mais que revelador...

Não é fácil escolher cinco blogues que nos façam pensar, que nos digam algo, que nos toquem na alma.
À sua maneira, todos o fazem um bocadinho... e por isso vou escolher pela diversidade de temas e géneros...
Vou dar o meu melhor...


Terras de Bruma - Agora sim, faltam-me verdadeiramente as palavras...


Un Dress - Porque as palavras nos podem vestir... e despir


Eroticidades - Pelos poemas, pelas histórias, pelos universos, pelos sonhos, pela crueza


Cheira a esturro - Pela ausência, pela in-comunicação, por tudo e por nada


A vida da minha banda sonora - Pela inversão, pela possibilidade, pela música



Agora a bola está do vosso lado...

segunda-feira, abril 23, 2007

Ilusões

Estamos enganados. Duplamente enganados. Presos neste duplo contrangimento que não vimos, não conseguimos ver. As loucuras que me passam pela cabeça... são maiores, muito maiores do que as que tu conheceste noutros tempos, mas estão disfarçadas, bem disfarçadas, pela aparente normalidade. Passo o tempo a encobri-las, a retocá-las, a normalizá-las. E elas chegam em catadupa, vindas de todos os lados. Inundam-me, sufocam-me, prendem-me. "Mudaste", dizes-me. E eu não digo nada, disfarço mais uma vez. Minto. Engano-me. Contrario-me.

Já não há pontes entre nós.

Tu... tu és um gajo normal que vive na ilusão que tem uma vida louca. Eu... eu sou uma louca que vive na ilusão que vive, que pode viver, uma vida normal. E sendo assim... onde é que nos encontramos?

quinta-feira, abril 19, 2007

....

Ontem esqueci-te.

segunda-feira, abril 16, 2007

inimaginável

Se pudesses só imaginar as vezes que sorri para ti com vontade de chorar...

segunda-feira, abril 09, 2007

TU

Se fechar os olhos, ainda és tu a primeira coisa que vejo.

segunda-feira, março 12, 2007

Inverno

«Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim;
Depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas;
Depois de ter inundado os fossos com água envenenada;
Depois de ter edificado minha casa no rochedo dum NÃO inacessível aos afagos e ao medo;
Depois de ter cortado a língua e logo a devorar;
Depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores;
Depois de ter esquecido meu nome e o nome de minha terra natal;
Depois de me ter julgado e condenado a perpétua espera e a solidão perpétua,
Ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos a investida húmida,terna, insistente, da Primavera»

Octávio Paz

sexta-feira, março 09, 2007

...

Disse-te "se não me queres deixa-me ir".
E tu deixaste.

segunda-feira, março 05, 2007

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Foi só quando voltaste que senti o peso da tua ausência.
Porquê?, perguntaste-me.
E eu não sei.

sexta-feira, março 02, 2007

Caminhos

Seguir em frente rasgando pelo caminho todas as memórias que por ele se atravessarem. Seguir em frente sem saber por onde vou e sem olhar para o caminho que quero seguir e que fica para trás. Ou que eu acredito que fica para trás. Mas que eu sei que vai estar à minha frente na próxima encruzinhada.